Essa viagem foi feita em 2019
Alter do Chão, ou o caribe de água doce brasileiro (apelidado carinhosamente pelos moradores de lá) é um daqueles destinos que não deixa a desejar. Pensa só aqui comigo: uma vila na beira do rio Tapajós, com praias cristalinas de água doce e tranquila, floresta amazônica ao redor e muito peixe. Eu não sei vocês, mas eu não quero mais nada da minha vida. Às vezes (quase todos os dias) esquecíamos que aquilo era um rio, de tão distantes que são as margens.
Agora falando sério, com as políticas de preservação do meio ambiente sendo negligenciadas pelo governo atual, muitas queimadas ocorreram nesse ano, inclusive por lá. Alter é um destino muito cobiçado por donos de hotéis e isso é um problema para uma vila tão pequena. Eu já queria visitar a vila há um tempo, e cogitamos não ir por não ser um destino tão barato assim, mas com todos esses problemas ocorrendo, senti que precisava conhecer a cidade logo, com seu bioma ainda preservado, e sem dúvidas, foi a melhor decisão que tomei.
Antes de qualquer coisa, é importante lembrar que a cidade é rodeada de floresta, rios, e é muito importante a preservação desse ambiente (e de todo meio ambiente, né gente?). Então, vamos ser turistas conscientes. Não joguem lixo nas praias e no chão, não façam fogo na floresta, ouçam os locais, e cuidem do nosso país.
Melhor época para ir para Alter do Chão
Uma das primeiras coisas que a gente quer desmistificar aqui é a melhor época para ir para Alter do Chão.
Existem duas épocas principais lá: A época da cheia e a época da seca, e como eles dizem por lá “na seca chove todo dia e na cheia chove toda hora”.
A paisagem do local muda muito conforme a época que você vai, e acho muito especial conhecer Alter do Chão nas duas épocas. Nós fomos na época da seca, e ficamos muito curiosas para conhecer a cidade na cheia também. Existem passeios que só acontecem em épocas específicas.
A época da seca acontece de Agosto a Dezembro, e é quando a água do rio baixa e as ilhas e praias começam a aparecer. A ilha do amor, que fica logo ali na frente, passa a ser alcançável a pé, surgem ilhas de areia no meio do rio Arapiuns e praias quase desertas por lá. É uma das paisagens mais lindas que já vi. O rio está mais calmo e a água não muda, é clarinha. Lembrando que em Dezembro o rio já está começando a subir, então é bom se informar antes se as praias ainda estão aparecendo neste mês.
A época da cheia acontece de Fevereiro a Junho, é quando chove mais, o rio está mais cheio (a água sobe tanto que a ilha do amor praticamente some, e a água chega na altura da rua que beira o rio) e passeios como a floresta encantada, onde os barcos passeiam na altura das copas das árvores, podem acontecer.
São duas épocas com paisagens lindas e bem diferentes.
Quanto tempo ficar:
Isso vai variar muito, mas acredito que muitas pessoas menosprezam a quantidade de dias para ficam em Alter do Chão. Nós ficamos 7 dias, e acho que é uma boa quantidade para você aproveitar bem a viagem.
Como chegar:
Alter do Chão fica mais próximo (38km) da cidade de Santarém, no Pará, mas também existem formas de chegar a partir de Belém e de Manaus.
De Santarém:
Transfer:
Muitas pessoas fazem transfer para Alter do Chão, e também existem muitos taxis no aeroporto levando para lá.
Nós fizemos o transfer com o Nei, e foi ótimo, ele nos buscou no aeroporto e também combinamos a volta com ele. O valor do Transfer é R$120 o trajeto, sem importar a quantidade de pessoas no carro. Os taxis também vão cobrar essa média de valor.
Para quem quiser, o contato do Nei é: +55 093 9100-7172
De ônibus:
A opcão mais econômica é o ônibus. Existem ônibus municipais que levam até Alter do Chão, com passagens a R$3,60. Caso essa seja sua opção, se atente aos horários de funcionamento que são até 22h, com ônibus saindo a cada 30min.
A parte ruim é que esse ônibus não sai do aeroporto, então para pegá-lo, você vai precisar pegar um ônibus circular no Aeroporto até o Shopping Tapajós, atravessar a rua e pegar o ônibus para Alter do Chão.
De carro alugado ou aplicativo:
Caso você prefira ir dirigindo, você pode alugar um carro no aeroporto, ou online.
A opção do carro é boa caso você queira ir de carro para algumas praias mais distantes como a de Pindobal (você também pode chegar nelas de barco, caso esteja sem carro).
Existe um App chamado Urbano Norte que é como o uber da região, que também é uma opção de transporte para lá.
De Manaus ou Belém
Barco:
Essa viagem é bem conhecida. Existem barcos enormes, cheios de gente e redes, que fazem paradas em várias cidades, sendo Alter do Chão uma delas.
Essa viagem dura entre 2 (Manaus) a 3 noites (Belém), e é uma experiência bem interessante que ainda pretendo fazer um dia.
O preço vai variar de acordo com a embarcação e a forma que você vai escolher para viajar: você pode escolher dormir na rede, em suítes com e sem banheiro.
Esses barcos levam, além de gente, mercadorias, então algumas paradas levam bastante tempo para carregar as mercadorias no barco.
Pesquisei uma média de valores:
Saindo de Manaus para Santarém:
Rede: R$147,00
Rede com ar: R$173,00
Camarote: R$750,00
Suíte: R$950,00
Suíte Master: R$1150,00
Saindo de Belém para Santarém:
Rede: R$230,00
Rede com ar: R$270,00
Camarote: R$800,00
Suíte: R$1000,00
Suíte Master: R$1200,00
Você pode pesquisar nos sites das empresas:
https://www.artransporte.com.br/precos
Ou pesquisar com os Portos de Belém, Manaus e Santarém.
Onde ficar
Alter do Chão não é tão grande assim, então na maioria dos lugares, você vai estar bem próximo do centrinho da cidade.
Lá, tivemos a oportunidade de nos hospedarmos em dois lugares diferentes. O primeiro foi a Pousada Vila de Alter, que é uma pousada boutique com uma experiência incrível. A segunda hospedagem, foi uma casa de Airbnb ótima e próxima do centro da cidade.
Vou falar um pouquinho de cada opção de hospedagem, e dar outras ideias também para vocês.
Pousada Vila de Alter
A Pousada Boutique Vila de Alter é um dos lugares mais lindos que já me hospedei.
O lugar é quase como um refúgio no meio da floresta. Com bangalôs que lembram as casas de palafitas típicas de algumas regiões de Alter, você se sente no meio de um cantinho de paz.
A pousada Vila de Alter é regida pela Andrea e Regina, que nos receberam com muito carinho, além de todos que trabalham por lá, e tudo é feito com muito amor por lá. O café da manhã é servido na sua varanda, e não tem hora limite para ser servido, então você pode acordar com calma, e para receber o café, é só apertar um botão na mesa que avisa à cozinha que você deseja seu café da manhã.
Tudo é feito lá, e cada dia tem uma comidinha nova, todas MUITO gostosas.
Além disso, a pousada conta com bicicletas para os hóspedes, muita vida animal, uma lojinha linda com peças de artistas locais, uma área comum deliciosa para relaxar, além de alguns snacks disponíveis para um lanchinho da tarde.
A Vila de Alter é um abraço.
*A pousada fica de 15 a 20min andando do centrinho
Outras opções
A casa do Airbnb que ficamos em Alter foi também perfeita. Além da casa ser enorme, novinha e super arejada, fica perto do centrinho (5 minutos andando). Achamos que é uma opção perfeita para quem quer ficar confortável por lá.
Além dos lugares que ficamos, separamos mais algumas opções de pousadas e hostels que ficam ali pertinho do centro:
Hostel:
Pousadas
Opções diferentes, um pouco mais afastadas:
Dinheiro
Só existe um caixa eletrônico na cidade, dentro do mercadinho Mingote, da praça central e nos finais de semana o dinheiro costuma acabar. Eu indico que vocês levem o máximo de dinheiro que puderem e só sacarem se for necessário.
A maioria dos restaurantes aceita cartão, mas os passeios são todos pagos em dinheiro.
Passeios
A maioria dos passeios em Alter do Chão é feita de barco. E a melhor forma de fazer esses passeios é chegando na ATUFA, que é a associação dos barqueiros de Alter. Lá na ATUFA, vão ter vários barqueiros oferecendo passeios.
Existem algumas formas de fazer esses passeios.
Para quem quer economizar ou está num grupo pequeno, a forma é juntar num grupo que é formado ali na hora. Os valores dos passeios são feitos por barco, então o valor do seu passeio vai depender da quantidade de pessoas indo para o mesmo local que você. O valor dos passeios é de R$100 a R$250 por pessoa (é caro mesmo, mas normalmente dura o dia inteiro, saindo de manhã e voltando depois do pôr do sol).
Outra forma de fazer o passeio, é como nós fizemos. Nós éramos um grupo de 5 pessoas, e os barcos menores cabem mais ou menos 7 passageiros. Fechamos um barco só para nós, e dessa forma combinamos com nosso barqueiro os passeios que queríamos fazer. Isso nos deu liberdade de mudar algumas rotas, ficar mais tempo em um lugar e menos tempo em outros. Se for possível, eu indicaria essa opção.
E qual barqueiro contratar? Nós recebemos indicação do Naldo, que foi o nosso barqueiro em TODOS nossos passeios, e indicamos MUITO ele.
Natural da Aldeia de Solimões, Naldo sabe tudo da região e é um ótimo barqueiro. Não passamos nenhum perrengue com ele, e a dona da pousada que nos hospedamos indicou Naldo por além de ser um bom barqueiro, tem um barco bom que aguentaria fazer o passeio até o Rio Arapiuns.
Para falar com Naldo, você pode mandar mensagem no Instagram dele, ou pelo cel: +55 93 9192-2462
Naldo levou um cooler com algumas frutas e água, onde aproveitamos para deixar algumas cervejas, e uma cachaça de jambu (já estamos na terra do Jambu né), que bebemos durante os passeios.
Agora vou falar um pouco do nosso roteiro, com valores e passeios que fizemos. No final do roteiro, dou mais dicas de lojinhas e restaurantes para comerem.
Lembrando que os valores podem variar contando que fechamos um barco só para nós e Naldo fez alguns descontos já que fechamos por muitos dias seguidos.
Roteiro (com gastos):
Dia 1: Chegada a tarde na Vila de alter + sambinha
Chegamos pela tarde no aeroporto de Santarém (e já sentimos o caloooor do Norte), onde Nei nos buscou e nos levou para a Pousada Vila de Alter, lá conversamos um pouco com uma das donas, a Andrea, ela nos explicou todos os detalhes da pousada e como tudo funcionava, como eu já contei aqui, amamos muito. Descarregamos nossas coisas, e resolvemos descansar um pouco para sairmos para jantar mais tarde.
A pousada é um pouquinho mais longe do centrinho (15 a 20min andando) então pegamos bicicletas da pousada que estão disponíveis para os hóspedes e fomos para a cidade.
Aproveitamos a noite para já combinar com Naldo sobre todos os nossos passeios dos próximos dias, e fechar os valores com ele, depois disso fomos comer.
Decidimos provar a lanchonete mais famosa da cidade: o XBom. Ao lado do X Bom existe uma loja de sucos e decidimos pedir os sucos de lá. Existem algumas mesinhas externas e os garçons dos dois restaurantes servem nas mesas sem problema.
Os sucos são bem grossos, quase um smoothie, e muito bons. Amamos muito o de Cacau, foi nosso favorito!
Agora, sobre os sanduíches, não sei nem o que dizer. Que sanduíche BOM. A lanchonete é super simples, a comida é barata e foi uma das melhores comidas que provamos por lá.
Indico MUITO o sanduiche de Piracui com queijo e banana, me da água na boca só de falar.
Depois do lanche, fomos para um sambinha que tem toda Quarta Feira no Bar da Glória (que também rola um chorinho famoso toda sexta feira), e voltamos para a pousada.
Valores do dia:
Transfer: R$120 total/ R$24 por pessoa (éramos 5)
X Bom: R$16
Suco: R$7
Total: R$47
Dia 2: Passeio pelas praias + Carimbó
O segundo dia foi nosso primeiro dia de passeio de barco por lá. Decidimos tomar nosso café da manhã com calma, e saímos um pouco mais tarde, por volta das 11h.
O passeio foi bem tranquilo: passamos o dia nas praias.
Fomos primeiro na Ponta do Muretá, que é uma praia bem pertinho ali da cidade (uns 20min de barco), mas apesar de ser perto, não tem nada, é deserta. Nenhuma estrutura, e também não tinha mais ninguém além da gente lá. Passamos um tempo por ali já que foi a primeira praia de rio que estávamos indo na viagem. Aproveitamos para relaxar um pouco e reparar a imensidão do rio, que a gente cismava em chamar de mar toda hora.
De lá, seguimos para a Praia de Pindobal, essa com mais estrutura: cheia de mesinhas com barracas de madeira, de frente para o Rio Tapajós. Com essa vista, você vai esquecer toda hora que aquilo não é um mar. O restaurante da praia atende ali nas mesinhas mesmo. Naldo nos explicou que existe um restaurante mais focado em peixe e outro em churrasco, escolhemos o de peixe, no Restaurante Katryne.
A forma que a comida é cobrada foi a que achei mais interessante. Decidimos comer um Tambaqui, que é acompanhado de arroz, baião de dois, farinha e salada. O preço da refeição depende do tamanho do peixe, você vai no restaurante e escolhe o peixe do tamanho que você quiser, o valor está escrito nele. Pegamos um peixe de R$65,00 e dividimos para 4 pessoas, além disso comemos iscas de arraia, que parece um pouco com o gosto de peixe frito.
Depois de horas aproveitando a praia e o nosso almoço, voltamos para a Ponta do Muretá para assistir o sol se pôr. Aliás, fica aí a dica, vá a Ponta do Muretá ver o pôr-do-sol de dentro d’agua. É uma das vistas mais lindas que já vi.
Voltamos após o pôr-do-sol, tomamos um banho e partimos para a típica noite de quinta feira em Alter do Chão: o Carimbó.
Para quem não sabe, o Carimbó é um estilo musical bem caracterizado pela dança lá do Pará. As mulheres costumam usar saias enormes e rodadas, e dançam lindamente girando as saias de um jeito que nunca vi. Nas quintas feiras, acontece o Carimbó de graça, na rua, em frente ao Espaço Alter do Chão. O lugar fica lotado de gente feliz, dançando, barraquinhas de comida e bebida, além disso, existem saias para aluguel, caso você queira se arriscar no carimbó.
Antes do Carimbó, resolvemos conhecer o restaurante Ty. Com um ambiente delícia, areia no chão e várias redes, Ty nos conquistou. Pedimos um vinho e alguns petiscos, e tudo estava gostoso, especialmente o Ceviche. O restaurante é mais arrumadinho, e naturalmente, mais caro que os lugares mais simples que também comemos. Durante a viagem, decidimos provar de tudo, e foi bom para poder entender melhor os valores e o que valia a pena mesmo.
Valores do dia:
Passeio para a praia: R$500,00 total/ R$100 por pessoa
Almoço com peixe + isca de arraia: R$25 por pessoa
Jantar: R$40,00 por pessoa
Total: R$165,00
Dia 3: Passeio pela vila + Piracaia
Nesse dia, mudamos de hospedagem. Como a pousada só possuia 2 datas disponíveis, mudamos nossa hospedagem para a casa de Airbnb, mais perto do centro. A casa era ótima e aproveitamos o dia para fazer compras e conhecer mais da vila.
Existe um mercado no centro, que é o Mingote, e fizemos compras para café da manhã e alguns lanches. Aproveitamos para comprar Cachaça de Jambu e castanha de caju haha.
Além disso, descobrimos uma loja incrível de produtos naturais para a pele e cabelo, chamada Ekilibre, vale a visita. Eles estavam construindo um spa novinho por lá, mas acabamos perdendo a inauguração. Indico especialmente o repelente (o que mais nos protegeu dos mosquitos) e também o Creme capilar.
Depois do Ekilibre, passamos na Loja Araribá, lotada de produtos indígenas da região. Vale separar um tempo para olhar tudo com calma, porque além de ter muita coisa, é tudo muito lindo. A loja possui trabalhos de mais de 80 etnias da região Amazônica.
Almoçamos num restaurante simples ali da pracinha com comida muito gostosa, o restaurante Piracuí.
E por volta das 19h, encontramos Naldo, nosso barqueiro, para que ele nos levasse ao passeio mais especial que fizemos nessa viagem: a Piracaia.
Como já expliquei, Naldo é da Aldeia de Solimões, e ele nos explicou que ele era um dos poucos da região que realizava esse passeio chamado Piracaia.
Piracaia, de um modo geral, é assar um peixe na praia. Na cultura de lá, é muito comum as famílias da região se juntarem para assar um peixe na brasa, na praia durante a noite, e foi isso que Naldo fez pra gente.
Com 3 peixes enormes, Naldo e seus filhos, montaram fogueira, e a brasa para assar o peixe. Enquanto Naldo nos levava, seus filhos já estavam lá acendendo o fogo. No meio de conversas, histórias sobre a vida deles, sobre a região, comemos um dos peixes mais gostosos da vida, e tivemos uma experiência inesquecível.
Jantamos um peixe assado na hora, numa praia deserta, com uma lua enorme nos olhando, enquanto conversávamos, bebíamos uma cachaça de Jambu e ouvíamos um pouco de história.
Ouvi poucas pessoas falarem sobre esse passeio, e eu recomendo fortemente que você tenha essa experiência, você não vai se arrepender.
Valores do dia:
Mercado: R$25 reais por pessoa
Almoço: R$34,50
Compras Ekilibre: R$130,00
Compras Araribá: R$40
Passeio Piracaia + Jantar: R$200 por pessoa
Total: R$429,50
Dia 4: Flona
Esse foi um dia de acordar cedo porque a distância até a FLONA não é curta. Levamos por volta de 1:30h no barco saindo de Alter até o local onde fica a FLONA, na comunidade de Jamaraquá. Você também consegue chegar lá de carro ou de ônibus.
Para quem não sabe, a FLONA é a Floresta Nacional dos Tapajós, além de ser uma importante área de conservação que abriga muitas pesquisas. Lá é possível fazer uma trilha, que passa por mata secundária (que já foi alterada pelo homem), e mata primária (a floresta intocada). Os dois focos principais da trilha são a Samaúma, e um igarapé cristalino. Espera que já conto melhor pra você.
Nosso dia começou com o dia lindo, e quando chegamos lá na FLONA, o tempo começou a fechar. Como já estávamos acostumadas com a chuva de alter, seguimos. Chegamos um pouco tarde pro normal, e fomos um dos útlimos grupos a sair.
Para fazer a trilha, você precisa contratar um guia local lá no CATV (centro de atendimento ao turista e visitante) que custa R$150,00 pro grupo e vale cada centavo. O guia é praticamente uma enciclopédia da floresta, e é muito legal aprender tanto com quem nasceu ali e conhece as espécies de árvores, animais, os caminhos e as histórias. Aproveite pra conversar com seu guia, você vai aprender muito!
O caminho é de 16km (leva entre 4h a 6h), e é BEM quente. Pegamos uma chuva muito forte na ida, muito mesmo, pensamos em parar mas continuamos. Levem sacos plásticos para proteger seus pertences, a probabilidade de chover na floresta é grande, apesar disso, você vai passar calor, então leve bastante água e comida pro meio do caminho.
Depois de tanto andar, parando em tantas espécies de árvores diferentes, chegamos na rainha da floresta, a Sumaúma, uma árvore tão grande que você não consegue nem imaginar. Com aproximadamente 200 anos, a árvore impressiona qualquer pessoa.
De lá, seguimos para o Igarapé, que nada mais é que um riacho que nasce na mata e deságua no rio. Esse igarapé é conhecido por suas águas cristalinas, e nesse caso, demos um pequeno azar. Por causa da chuva forte que pegamos, a água do igarapé estava barrenta, mas o rio não deixou de ser lindo mesmo assim.
Nadar nas águas geladas do igarapé, no meio da floresta amazônica, é uma experiência que inexplicável. De dentro do igarapé, pude perceber um fenômeno que aprendi nas aulas de geografia: os rios flutuantes da Amazônia. Assim que a chuva para, a água já começa a evaporar, e é possível perceber uma névoa de vapor circulando no alto das árvores, parece magia.
No fim da trilha, ainda almoçamos uma comida deliciosa com bastante peixe, lá em Jamaraquá mesmo, conhecemos um pouco do processo de produção do Látex, muito forte nessa região e partimos em direção a casa e jantamos lá mesmo porque ninguém aguentava colocar o pé no chão pra andar até o centro pra comer.
Valores do dia:
Guia Flona: R$150 total (R$30 por pessoa)
Barco até a Flona: R$800 (R$160 por pessoa)
Almoço Flona: R$27 por pessoa
Total: R$217,00
Dia 5: Canal do Jari
No quinto dia de passeio em Alter do Chão, fomos ao Canal do Jari. Nesse passeio, normalmente você vai para o Canal do Jari, que é um canal em que a água dos tapajós se encontram com a do rio Amazonas, cheio de casas de palafitas que se adaptam conforme a altura do rio. As atrações por lá, são principalmente sobre a fauna e a flora da região, diferente do resto de alter do chão. Por lá conseguimos ver um pequeno jacaré na beira do rio, a água é mais marrom devido à cor do rio amazonas, muitos pássaros voam e lá você encontra as casas de palafitas das famílias ribeirinhas, podendo visitar algumas delas. Toda a região é muito interessante, principalmente porque a paisagem muda muito dependendo se estamos na época da cheia ou da seca. Na seca, que não é bem uma seca, a água baixa, e podemos ver alguns cavalos e vacas pastando pela beira do rio. Na cheia, a água do rio sobre tanto, que chega na porta das casas (a água sobre a quantidade parecida com um andar, então todas as casas são altas) e os animais que pastavam no rio, são movidos para outro lugar.
Nossa primeira parada foi na incrível casa da dona Dulce, lotada de vitórias régias, parece que você está em um cenário. Dona Dulce cozinha tudo a partir da vitória régia, e cobra R$20,00 para a degustação de seus quitutes. De um talento impressionante, ela criou brownie, picles, pipoca, farinha, tempura (meu favorito), palmito, rabanada e dezenas de outras receitas feitas tanto do caule como da semente da vitória régia, e eu juro, é tudo muito gostoso. Hoje em dia, seu picles de vitória régia já é comercializado nos mercados da região.
Depois de se encantar com as vitórias régias da dona Dulce (aproveite pra conversar um pouquinho com ela, e saber mais da sua história, tenho certeza que vocês vão se encantar), seguimos para mais uma casa, a do seu Dilson e dona Rosângela. Lá, você vai passear pela mata que fica no fundo de sua casa, e observar muitos animais. Se der sorte, você vai conseguir avistar as preguiças no alto das árvores, pegando um solzinho. Nós demoramos, mas conseguimos ver algumas, e é lindo ver os animais vivendo tão livres ali. Além das preguiças, avistamos macacos e muitos pássaros, árvores lindas e muito papo gostoso. Também custou R$20,00 para fazermos o passeio pela casa de seu Dilson e dona Rosângela.
Depois do Canal do Jari, o normal é que as pessoas sigam para o Restaurante do Saulo, um chef famoso da região. Nós resolvemos passar lá para ver, mas achamos que não era muito o tipo de passeio que estávamos procurando. O restaurante é bonito, e tenho certeza que a comida deve ser deliciosa, mas estava muito cheio e é todo construído cheio de ambientes para você fotografar, decidimos então seguir para a Praia de Ponta de Pedras, porque estava tendo festival de charutinho (um peixe).
A praia estava lotada, mas parece ser linda, mas resolvemos ficar lá só para almoçar mesmo.
Seguimos de lá para a ponta do Cururu para assistir a mais um pôr do sol hipnotizante como todos de alter do chão, e no caminho, vimos um boto nadando no rio!
Ah, pra finalizar, provem o sorvete de castanha da barraquinha que fica bem na pracinha principal, é perfeito.
Valores do dia:
Passeio Canal do Jari: R$700 (R$140,00 por pessoa)
Entrada Dona Dulce: R$20,00
Entrada Seu Dilson R$20,00
Almoço: R$25,00 por pessoa
Sorvete: R$12
Jantamos em casa
Total do dia: R$217
Dia 6: Arapiuns
No dia que decidimos ir para outro rio, o Arapiuns, amanheceu chovendo muito. O clima em Alter do Chão muda muito, normalmente a chuva passava de manhã cedo, mas nao nesse dia, apesar da previsão dizer que ia dar sol. Para ir ao Arapiuns é bom ir cedo, porque dependendo do horário que você vai, podem ter muitas ondas. Aliás, não são todos os barqueiros que vão para o rio, o passeio é longo e precisa ter um barco com um bom motor e um barqueiro com experiência. Indicamos muito o Naldo para esse passeio.
Por volta das 10h, Naldo nos chamou dizendo que o tempo estava melhorando e dava pra sairmos, a chuva parou no meio do trajeto e deu lugar a um dia de sol.
Por sorte não pegamos nenhuma onda no caminho! Partimos do rio Tapajós em direção ao Rio Arapiuns, e fizemos nossa primeira parada na comunidade de Urucureá, onde conhecemos o trabalho artesanal de cestaria em palha de Tucumã desenvolvido lá. O trabalho é lindo, e nos encantamos com tudo, saímos de lá cheia de compras haha e aprendendo um pouquinho mais sobre o processo de criação e tingimento da palha.
O Rio Arapiuns é famoso na época da seca, por gerar ilhas de areia no meio do rio, sem nada em volta, e foi para uma dessas ilhas que seguimos. Todo o ambiente é lindo demais, e em cada passeio você se sente imersa num mundo completamente diferente.
Partimos para almoçar na comunidade de Coroca, que é famosa pelo seu trabalho com abelhas sem ferrão e na criação de tartarugas num lago da comunidade. Como não queríamos fazer o passeio de alimentar tartarugas e perdemos tempo com a chuva da manhã, preferimos só almoçar e conhecer a lojinha local.
Caso você se interesse pelo passeio das tartarugas e das abelhas, o valor é de R$20,00.
O almoço é feito no único restaurante dali, e para variar, é uma delícia. Muito peixe, arroz, tucupi e farinha. Os peixes da região (tambaqui, pirarucu, tucunaré, etc) são muito saborosos e todos que provamos em todos os lugares, eram muito bons.
A lojinha da comunidade é lotada de produtos feitos com mel, com destaque para o pão com mel (não é pão de mel, é com mel), e para o mel com pimenta. Além disso, lá você também encontra os trançados e cestarias.
Seguimos de lá para outra praia no meio do rio, a praia Ponta Grande, onde passamos um bom tempo só relaxando.
Finalizamos o passeio na ponta do Cururu para ver o pôr do sol novamente (dessa vez ele se escondeu pelas nuvens).
A noite, resolvemos aproveitar nossa última noite em Alter e fomos para o centrinho. Bebemos um capirinha maravilhooosa de taperebá com gengibre e cachaça de Jambu no restaurante Mãe Natureza e voltamos no nosso lugar favorito: X Bom! Para nos despedir do melhor sanduíche da região.
Valores do dia:
Passeio Canal do Jari: R$900 (R$180,00 por pessoa)
Almoço: R$30,00 por pessoa
Compras Urucureá: R$50
Compras coroca: R$20
Caipirinha: R$19,00
X Bom: R$16
Total: R$315,00
Dia 7: Ilha do amor + volta para casa
Decidimos conhecer a Ilha do Amor no nosso último dia. Como a ilha fica bem ali na cidade, e como é a época da seca, conseguimos atravessar andando, decidimos que era melhor priorizar os dias inteiros para os passeios de barco, e como nosso último dia de viagem era dia de semana, a praia não estava tão cheia. O lugar é lindo, mesmo, só que nos finais de semana vira uma praia lotada e acho que vale a pena ser conhecido com mais paz.
Atravessamos para a ilha andando (lembrem de arrastar o pé para não correr o risco de pisar em nenhuma arraia), e andamos lá para a ponta onde estava mais vazia. Passamos algumas horas ali explorando e nadando no nosso último dia nesse paraíso.
Almoçamos no restaurante Farol da Ilha, e a comida estava uma delícia, comemos um medalhão de peixe envolto por uma camada de pirarucu. Esse restaurante é um pouco mais arrumadinho, e com mais aparência do tipo de lugar que turistas frequentam, mas valeu muito a pena porque a comida estava bem gostosa, alem da vista perfeita para o rio.
Finalizamos nosso dia tomando mais um sorvete de castanha da pracinha, e provando o açai do Pará. Aqui no rio, nós botamos xarope de guaraná no açaí, mas no Pará eles costumam comer puro. A consistência é bem mais cremosa e gostosa que no RJ, mas admito que não sou muito fã do gosto forte do açaí sem algo para adoçar. Valeu a pena provar mesmo assim, contou como experiência gastronômica.
Depois, partimos para casa para fazer a mala e voltar para o Rio de Janeiro já sofrendo de saudades
Valores do dia:
Almoço Farol da Ilha: R$47,00
Sorvete: R$12
Açaí: R$10
Transfer volta: R$120,00 (R$24 por pessoa, mas o preço total é fixo)
Total: R$93
É isso, nosso roteiro por Alter do Chão Acaba aqui! Espero que tenham gostado e se inspirado para viajar para esse lugar tão especial da nossa terra!
Além desse roteiro lindo, fizemos um vídeo com um pouco da nossa viagem:
Dicas para sua viagem!
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